MÉDICOS DO FERREIRA MACHADO

Ao presidente da Fundação Barcelos Martins


Aos gestores da saúde de Campos dos Goytacazes e do Hospital Ferreira Machado

Nós, médicos do Hospital Ferreira Machado, INDIGNADOS, não conseguimos entender o porquê da assistência à saúde, em todos os níveis, em nossa cidade, anda tão precária que acaba sobrando e prejudicando o funcionamento normal do HFM, obrigando-o, sempre, a resolver todas as mazelas da saúde (ponto final), abarrotando-o de gente e de trabalho insano, prejuízo inegável da qualidade e da boa convivência entre todos (médicos, pacientes, demais profissionais, administradores, etc.). Não se consegue em saúde, em outras profissões talvez... realizar um trabalho digno e contínuo, a quem quer que seja, quando constantemente deparamos com falta de matéria prima, medicamentos, órteses e próteses, fios de sutura, gaze, esparadrapo, seringas, agulhas, etc. Coisas estas que, diuturnamente, estão com sua demanda reprimida, o que faz com que não possamos conviver com a programação de compras, as licitações, os pagamentos e as entregas destes materiais sempre atrasados e fora de propósito, ficando nós e os pacientes, que deles necessitam, à mercê do descaso de quem compra e entrega. Isto não mais será sequer entendido quanto mais aceito, num grande hospital de urgência e emergência. Não pode existir trabalho escravo na saúde, pois ela é o ponto primordial de uma boa existência e, é por isto e para isto, que aqui estamos reivindicando em estado de pré-greve, tudo o que abaixo reiteramos, conclamando à(s) direção(ões) a zelar e lutar pela dignidade e operacionalidade desta classe que, sem dúvida, é quem decide os rumos do bem-estar de toda a população de um lugar, seja ele grande ou pequeno, capital ou município.

Vamos lá:

1. Planos de cargos e salários, já. É inadmissível que profissionais do gabarito que aqui existem, concursados, que trabalham com resolutividade em nível terciário, muitos com longa bagagem de conhecimento e serviços prestados à emergência, percebam no final de cada mês, em seus proventos, quantia igual a de um recém-formado, a quem sempre ajuda, ensina e socorre, tendo por base sua experiência profissional, adquirida em longas e intermináveis jornadas, nos muitos anos de uma abnegada profissão. Não se esqueçam: trabalhar em boas condições é imprescindível, como também o é, obter-se remuneração digna que permite educar e prover seus filhos. Isto também é luta de classe.

2. Rever e reaparelhar o Centro Cirúrgico, para que as cirurgias complexas possam ser realizadas e finalizadas com tranquilidade pelos profissionais gabaritados que aqui existem, sem que haja mais stress do que o momento já impõe. Não venham somar à falta de material e mão de obra.

3. Voltar a servir as refeições dos médicos em um local apropriado (anexo ao quarto), com gabarito e quantidade diária necessária para um profissional que não tem hora, na maioria das vezes, de se dirigir a um refeitório superlotado, tímido e mal cuidado.

4. Retorno do quarto dos médicos no setor de emergência, com melhores condições de higiene e acomodação (geladeira, ar condicionado, televisão, computador, etc.).

5. Inaugurar e manter o serviço de recuperação pós-anestésico, em condições ideais, para, se ou quando necessário, oferecer suporte a qualquer paciente em tempo integral, até que se providencie sua vaga em UTI. Este é um hospital de EMERGÊNCIA. Não podemos, e nem devemos, partir para a "escolha de Sofia".

6. Todo andar (serviço) deve ter uma sala com material de ressuscitação cárdio pulmonar (mal súbito) para ser usado toda vez que seja necessário dar suporte prioritário de vida a um paciente, até que sua vaga na UTI aconteça.

7. Aumento de todo pessoal médico, pois este Hospital, pelo acordo feito nas cúpulas políticas, tem que se programar para oferecer atendimento a uma população de mais ou menos um milhão de pessoas, distribuídas pelos municípios vizinhos, pois ele é o primeiro lugar a ser procurado em função da sua resolutividade ímpar. Até quando ele irá suportar? Salvem-no enquanto é tempo. A cidade de Campos e os médicos agradecem! Urgentemente, necessitamos de quatro clínicos gerais (dois nas UPGs), dois cirurgiões vasculares, quatro pediatras, etc., por plantão de vinte e quatro horas.

8. Um médico com todo o gabarito exigido para funcionar na EMERGÊNCIA, leia-se, SALVAR VIDAS, deverá ter no mínimo um piso salarial I mensal compatível com o de qualquer procurador, R$7.500,00 (sete mil e quinhentos reais), por vinte e quatro horas semanais.

9. Eliminar, de uma vez, qualquer intervenção (atendimento) no corredor. Isto é desumano e ineficiente, sem contar com o constrangimento impingido a todos: médicos, pacientes, etc.

10. A figura do médico e de seu trabalho, de antemão, não o capacita a funcionar como outro empregado qualquer, pois ele não pode parar um atendimento (cirúrgico ou não), porque findou o seu horário de trabalho. Por isto, e por outros critérios de formação e obrigação, solicitamos o ponto em folha (retorno). Abaixo o digital para grupamento médico.

11. O acesso à UTI, em pacientes graves, deve ser sempre prioritário, evitando-se sempre que as UPGs possam funcionar como UTI. Para que isso não ocorra, deve-se utilizar a rede de saúde disponível, com melhor critério possível, regulamentando¬-se a entrada, a procura e a aceitação de pacientes ambulatoriais no Hospital, direcionando e cobrando resolutividade na rede desta cidade. Os postos e hospitais têm que funcionar a todo vapor, pois isto ocorrendo, ainda teremos tempo de salvar o HFM.

12. Por fim, solicitamos em nome da medicina do futuro em nossa cidade, o retorno, aí sim, supervisionado e com tutoramento dos médicos que aqui trabalham (melhor hospital de emergência de uma imensa região) dos internos dos 5º e 6º anos, como forma de aprendizado, propondo, como não poderia deixar de ser, uma formação com responsabilidade, ficando a parte financeira a cargo do gestor e por que não, dividindo, parte de seu custo com a Faculdade de Medicina, pois, como sabemos, o curso de Medicina necessita do trato direto com a prática in loco, sem o qual os futuros médicos não serão confiáveis, acarretando sérios danos à população futura. Pensem: seus filhos e netos serão atendidos por eles.





Certos de que as reivindicações fazem parte de um cuidado democrático na luta em prol de uma medicina de qualidade, sustentado no mais puro sentimento de saúde e igualdade para todos, despedimo-nos acreditando que muita luz cairá sobre a cabeça de todo aquele que se encontra em cargos públicos responsáveis por decisões importantes e futuristas. Aguardemos...

Assinamos:

Médicos do Hospital Ferreira Machado, na luta por dignidade e melhores condições de vida humanizada.


Novo documento: medicos-hfm20001.pdf
Manifesto 26/11/10 : Manifesto

Vergonha dos meus representantes

            Como eu gostaria de ser de São João da Barra onde o piso salarial é de R$3.950,00, mas o atendimento médico é precário e a maioria dos casos, principalmente os mais graves são encaminhados ao Hospital Ferreira Machado cujo patrono é a Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes considerada a mais rica do país, porém paga um piso salarial de R$2.100,00. Então concluímos que todos os problemas médicos graves atendidos pelo médico que ganha R$3.950,00 são encaminhados para serem resolvidos pelo médico que ganha 2.100,00.
            Ou pelo menos ser macaense, cujo prefeito teve tempo de ir pessoalmente ao Pronto Socorro Municipal discutir com os médicos a questão salarial.
            Mas infelizmente sou campista e o meu prefeito, após meses de tentativas para marcação de audiência através de contatos telefônicos, emails, manifestos por escrito e até por outros meios, não teve tempo para atender os médicos que queriam apenas conversar, preferindo partir com toda a sua fúria contra aqueles que estão há oito anos sem aumento, recebem uma complementação que não podem adoecer, devem ser atualizados, mas não podem ir a congressos, não podem tirar férias e nem sequer podem envelhecer, porque ao se aposentarem também perderão mais da metade dos seus vencimentos. Será que isso é humano? Porque legal não pode ser!
            Sr Prefeito o senhor fala em legalidade. Que bela palavra quando usada para atacar, porém o Sr devesse responder a toda à população qual a legalidade do descumprimento da lei que tem oito anos da implantação do plano de cargos e salários, cujo enunciado afirma que o seu descumprimento após dois anos implicaria em punições fiscais aos municípios e estados descumpridores e o Sr não a cumpre!
            Qual a legalidade de um TAC assinado dia 26 de março de 2009, vigente até hoje em que o presidente da fundação João Barcelos Martins se compromete a atender as emergências de todos os municípios da região norte e noroeste do estado de rio de janeiro perfazendo, portanto uma população de muito mais de um milhão de habitantes, mas não obedecendo às determinações do CFM e do Cremerj para o numero adequado de vagas hospitalares, vagas em UTI e numero de profissionais por área compatível com o numero de habitantes cobertos por tal serviço, chegando mesmo a determinar que o atendimento fosse feito mesmo que não houvesse vagas. Como isso é possível Sr prefeito, atender sem ter o numero de profissionais e sem ter vagas? Será que isso é dar atendimento digno e legal?
            Mas ficou tudo bem porque o problema foi colocado nas costas dos infelizes que estão no “front” e tem que se virar para dar o melhor atendimento possível a população, enquanto o Sr pouco se preocupa em como eles estão fazendo isso, com corredores lotados, UTIs atendendo em maca e sem suporte de equipamentos básicos, necessários, há anos.
            Mas infelizmente ao invés de recebê-los para conversar, o Sr prefere vir de rolo compressor sobre os que carregam nos ombros todas essas falhas e ilegalidades, para que sua gestão esteja legal. Isso não é bom?
            Mas quem já está ilegal há muito tempo não são os médicos dessa instituição e sim quem finge não saber de tudo isso que vem acontecendo e só não explode porque nós, “os mesmos que o Sr quer massacrar com seu rolo compressor” estamos carregando nos ombros os atendimentos. E mais uma vez não vamos deixar que a já tão sofrida população do nosso município, sofra mais.
            Todos dos casos de emergência, que é o real objetivo do pronto socorro, serão não apenas atendidos mas, como sempre são, muito bem atendidos e resolvidos. Nossa parte está e continuará sendo muito bem feita.
            Agora esperamos que Vsa. Excelência também faça muito bem feita a sua parte. Disponibilizando vagas decentes em enfermarias, em UTIs, não deixando faltar material nenhum.
            Por ultimo temos a dizer que Vsa Excelência , que não precisa se preocupar conosco porque continuaremos a fazer muito bem o nosso serviço, deve apenas se preocupar em fazer bem todas as suas obrigações.
            Apesar de profundamente consternados com as vossas atitudes. Pedimos a Deus que te perdoe. E nos continuamos esperando que o Sr desça do rolo compressor e sente numa cadeira e consiga um pouco de tempo livre para nos receber e possamos pelo menos conversar.


FOGO AMIGO
            Neste momento em que assistimos a retomada do poder público às favelas do rio de janeiro devemos pensar em como se poderia proteger um soldado que ao se confrontar com os bandidos, fosse atacado por trás por um dos seus "colegas" de corporação. Certamente trata-se do pior momento de uma luta. Quando ele existe.
            Ao assistirmos o filme "coração valente" a expressão facial do ator "Mel Gibson" traduz claramente o sentimento de todos nos, ao ser traído pelos seus compatriotas no campo de batalha. Eu então imagino como seria a expressão facial dele se seus compatriotas não apenas o abandonassem na luta, mas alem disso, o atacassem pelas costas.
            Quando lutamos, não cavamos trincheiras para nos defender dos amigos, nem apontamos as armas para eles, portanto, o que mais fere física e emocionalmente não é a violência do ataque inimigo, mas sim o ataque dos que deveriam estar ombro a ombro lutando ao seu lado pela mesma causa.
            Meus amigos, colegas de luta preciso e precisarei de muito tempo para me recuperar física e emocionalmente desse ataque da arma mais temida em uma batalha que é o "fogo amigo". Senhores me perdoem mas eu estou realmente abatido, embora saiba claramente que a intenção era exatamente essa.
            Meu caro colega responsável pelo "fogo amigo", neste momento me apego ao seu passado para ver todas as suas qualidades anteriores, todos os seus gestos desde acadêmico, parceiro, amigo e irmão. Para usar como remédio nas feridas provocadas pelas suas agressões. Peço a Deus que seu exemplo de homem e profissional que sempre foi o melhor possível, não tenha se perdido por completo e que você pare por um minuto neste momento difícil da sua vida e retroceda nessa sua conduta e venha cerrar ombro comigo e com todos os seus verdadeiros amigos, que apesar de feridos por você, te esperam do lado de cá. Certos de que você cometeu um erro ”um grande erro" ao atirar nas pessoas do lado errado.
            Sei que não é esse exemplo que você vai querer deixar registrado na historia, pois muitos outros se espelham em você, no seu comportamento e na sua moral, que deverá voltar a ser como sempre foi.
            Meu querido irmão e colega não vou lutar contra você ainda, pois tenho certeza que a sua atitude nasceu de um momento impensado, consequente de um péssimo momento, mas temos que dizer como já dissemos que você pode e poderá contar conosco a qualquer momento do dia ou da noite para o que for necessário, até mesmo um lenço ou um ombro para chorarmos juntos.
            Não sou seu inimigo e vai precisar que você atire muito mais vezes em mim, até pelas costas para você me convencer que não devo mais acreditar que você é o meu amigo e parceiro de luta e que não poderei mais lhe dar as costas.
            Meu amigo, meu irmão camarada, todos nos estamos te aguardando ansiosos, do lado de cá, para já obtermos essa grande vitoria que é ter e ver você do lado certo, que é do nosso lado.
            Que Deus te abençoe.
            Paulo Romano.