ENTIDADES CONDENAM ACORDOS QUE ABREM BRECHAS À “SEMIESCRAVIDÃO” DE
MÉDICOS
Qua, 28 de Agosto de 2013
Em nota, Conselhos de Medicina
também repudiam atos de xenofobia e preconceito em qualquer situação
O Conselho Federal de Medicina
(CFM) e os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) reafirmaram nesta
quarta-feira (21) suas críticas ao Programa “Mais Médicos”, que “tem se
configurado como um instrumento de agressão à legislação brasileira e à
democracia“. Em nota, as entidades alertam a sociedade e a Justiça contra os
abusos praticados no âmbito do Programa, que “incluem o desrespeito à lei que
exige validação de diplomas obtidos no exterior, a precarização das relações de
trabalho, a existência de situações análogas à semiescravidão entre médicos e o
descaso na montagem de uma rede de atendimento que seja eficaz e eficiente”.
Os Conselhos de Medicina
esclareceram também que repudiam “atos de xenofobia e preconceito em qualquer
situação” e reforçaram que o debate deve ser ancorado em dois aspectos
principais, sendo o primeiro deles a ausência de comprovação da competência
técnica dos profissionais formados no exterior. No caso especifico dos cubanos,
os Conselhos chamam a atenção para a existência de acordos firmados pelo
Governo brasileiro e que permitem a prática de regras comuns aos regimes
ditatoriais e autoritários no Brasil.
No documento, os Conselhos de
Medicina ainda orientam os médicos brasileiros sobre procedimentos que devem
ser adotados no exercício de sua função. “Sempre que procurados devem prestar
atendimento aos pacientes com complicações decorrentes de atendimentos
realizados por médicos estrangeiros contratados sem a revalidação de seus
diplomas”. Além disso, reforçam que todo o trabalho deve ser realizado com
dedicação, usando o melhor do conhecimento e todos os recursos disponíveis em
benefício do paciente.
Os Conselhos esclareceram também
que continuarão cumprindo a legislação, sem, no entanto, abandonar a busca do
convencimento dos parlamentares durante o processo de discussão da MP 621 no
Congresso, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Reafirmam ainda que
manterão seu papel legítimo de agente fiscalizador da assistência em saúde,
exigindo que Governo ofereça as condições de atendimento com qualidade em todo
o território nacional, com a adoção de medidas estruturantes - capazes de
resolver o problema da falta de acesso à assistência – ao invés de recorrer às
ações paliativas, midiáticas e eleitoreiras.
LEIA ABAIXO A NOTA NA ÍNTEGRA:
NOTA DE ESCLARECIMENTO Á
SOCIEDADE
Brasília, 28 de agosto de 2013.
Com relação às ações previstas
pela MP 621/2013, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e os 27 Conselhos
Regionais de Medicina (CRMs) oferecem os seguintes esclarecimentos à sociedade
e orientam os médicos brasileiros sobre procedimentos que devem ser adotados no
exercício de sua função:
1. Os
médicos brasileiros sempre que procurados devem prestar atendimento aos
pacientes com complicações decorrentes de atendimentos realizados por médicos
estrangeiros contratados sem a revalidação de seus diplomas;
2. Todo o trabalho deve ser realizado com
dedicação, usando o melhor do conhecimento e todos os recursos disponíveis em
benefício do paciente;
3. Este tipo de atendimento deve ser documentado
em relatório detalhado, o qual será encaminhado ao Conselho Regional de
Medicina do Estado onde aconteceu o incidente para adoção de medidas cabíveis
junto às autoridades.
De forma conjunta, as entidades
reiteram ainda suas críticas à MP 621, a qual tem se configurado como um
instrumento de agressão à legislação brasileira e à democracia. Sendo assim, o
CFM e o CRMs ressaltam que:
a)
Continuarão a cumprir a legislação – como sempre tem feito -, sem, no
entanto, abandonar a busca do convencimento dos parlamentares durante o
processo de discussão dessa Medida Provisória no Congresso, do Ministério
Público e do Poder Judiciário;
b)
Manterão seu papel legítimo de agente fiscalizador da assistência em
saúde, exigindo que Governo ofereça as condições de atendimento com qualidade
em todo o território nacional, com a adoção de medidas estruturantes - capazes
de resolver o problema da falta de acesso à assistência – ao invés de recorrer
às ações paliativas, midiáticas e eleitoreiras;
c) Alertarão à sociedade e à Justiça contra
abusos praticados no âmbito do Programa Mais Médicos; que incluem o desrespeito
à lei que exige validação de diplomas obtidos no exterior; a precarização das
relações de trabalho; a existência de situações análogas à semiescravidão entre
médicos; e o descaso na montagem de uma rede de atendimento que seja eficaz e
eficiente.
Os Conselhos de Medicina repudiam
atos de xenofobia e preconceito em qualquer situação. O debate que se impõe
deve ser ancorado em dois aspectos principais: primeiro, a ausência de
comprovação da competência técnica dos profissionais formados no exterior e, no
caso especifico dos cubanos, na existência de acordos firmados pelo Governo
brasileiro e que permitem em nosso país a prática de regras comuns aos regimes
ditatoriais e autoritários, que fazem uso da coerção e limitação aos direitos
individuais e humanos aos seus cidadãos.
Finalmente, o CFM e os CRMs
alertam que a falta de transparência e a ausência de debates com os diversos
segmentos – práticas adotadas pelo Governo Federal – remetem ao autoritarismo
que prejudica o Estado democrático de direito.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
(CFM)
CONSELHOS REGIONAIS DE MEDICINA
(CRMs)